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A
QUARTA PALAVRA DE JESUS
PR.
ALEJANDRO BULLÓN
"O
texto para a mensagem de hoje está no evangelho segundo
São Mateus capítulo 27,versículo 46.
Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli,
Eli, lemá sabactâni, que quer dizer: Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste? E alguns dos que ali estavam,
ouvindo isto, diziam: Ele chama por Elias. E logo um deles correu
a buscar uma esponja, e, tendo-a embebido de vinagre e colocado
na ponta de um caniço, deu-lhe a beber. Os outros, porém,
diziam: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo." (Mateus
27:46 a 49).
O texto que acabo de ler, relata o momento mais doloroso na
vida de Cristo. Pregado na cruz e impossibilitado de se mexer,
estava aí pagando o preço de nossa culpa.
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Alguns comentadores bíblicos dizem
que na agonia, Jesus começou a delirar e não sabia
o que estava falando. Outros argumentam que o sofrimento físico
era tão grande que aquela exclamação de
abandono foi, praticamente, arrancada de seus lábios
por causa da dor.
Pessoalmente não concordo com essas duas maneiras de
interpretar o clamor de Jesus. Primeiro porque Jesus esteve
consciente até o último minuto de sua vida. Tanto
assim que depois, Ele disse, "Está completo o trabalho
da salvação", "está consumado".
Ele estava plenamente consciente, não delirava.
Em segundo lugar: é verdade que o sofrimento físico
era terrível, mas mesmo assim em sua mente não
existia a menor dúvida de que estava chegando ao sacrifício
para salvar aquilo que Ele mais amava neste mundo: o ser humano.
Sendo assim, a idéia de salvar o homem sublimava o sofrimento.
A expressão de abandono não foi arrancada de seus
lábios pela dor, embora a dor física estivesse
bem presente na cruz.
Mas então, o que significa aquele clamor de abandono?
Pergunto de outra maneira. Pode Deus abandonar seus filhos no
momento em que eles mais precisam dEle? E se a vida de Jesus
foi uma vida de permanente comunhão com seu Pai, por
que Deus O abandonaria na hora mais difícil? Ele não
abandonou o povo de Israel quando estava diante do mar vermelho.
Não abandonou os três jovens hebreus na fornalha
ardente. Não abandonou a Daniel na cova dos leões.
Ele promete que nunca nos abandonará, que nunca nos deixará.
Ele diz até que uma mãe pode se esquecer do filho
que deu à luz, mas Deus nunca se esquecerá de
nós. Como é então que, no momento mais
crítico, o Pai se esquece de Jesus? Em que sentido Deus
se afastou do Filho? Vamos tentar explicar este assunto.
Primeiro: essa expressão "Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste?" é uma expressão que
está registrada no Salmo 22, versículo 1. Jesus
deve ter aprendido o Salmo 22 quando era criança. De
certa maneira, o Salmo 22 era uma profecia do que aconteceria
na cruz do calvário. Este Salmo começa assim:
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Salmo
22:1)
O versículo 2 apresenta outro clamor de tristeza e solidão
do salmista; e o versículo 3 explica:"Contudo tu
és santo..."(Salmo 22:3)
Quer dizer que Deus abandonou seu Filho porque Deus é
santo? Se você ler Habacuque capítulo 1, versículo
13 talvez entenda melhor o que estou dizendo. Esse verso diz
assim: "Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar..."
(Habacuque 1:13)
Agora juntemos as peças para formar o quadro. Antes de
mais nada, é preciso saber que na cruz do calvário
o Senhor Jesus estava pagando o preço do pecado. Do pecado
de quem? Do seu, do meu, do pecado de todos os seres humanos
de todos os tempos; todos os pecados havidos e por haver, todos
os pecados imaginados, todos os pecados acontecidos ao longo
da história desde o primeiro pecado de Adão e
Eva, até o último pecado que neste momento está
sendo cometido. Todos os pecados; os que serão cometidos
amanhã e depois de amanhã; todos os pecados de
todos os tempos, de todos os homens foram depositados nos ombros
do Senhor Jesus quando morreu na cruz. E Habacuque 1:13 disse:
"Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar..."(
Habacuque 1:13)
Meu amigo, o mais terrível do pecado é a separação
que ele provoca entre o Criador e a criatura. O mais terrível
do pecado está retratado na cruz. O pecado separou Deus,
o Pai, de Deus, o Filho. Os olhos do Pai são tão
puros que não podiam contemplar a iniqüidade. "Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste"? "Porque tu
és santo", é a resposta que Ele mesmo dá.
O pior do pecado não é o ato em si, o perverso
do pecado é a separação que ele provoca
entre Deus e a criatura.
Qual é o conceito que temos do pecado? O que é
pecado? Por favor, não me digam que o pecado é
a transgressão da lei, porque a Bíblia não
diz isso. O que a Bíblia afirma em 1 João 3, verso
4 é o seguinte: "Todo aquele que pratica o pecado,
também transgride a lei: porque o pecado é a transgressão
da lei".(1 João 3:4)
Todo aquele que comete pecado também infringi a lei.
Também. Se eu digo: Senhores, eu estou hoje também
com paletó, quer dizer que antes de estar com paletó
eu estou com camisa, por exemplo. E se o texto bíblico
diz: "Todo aquele que comete pecado também infringi
a lei", quer dizer que o pecado antes de ser transgressão
da lei é outra coisa. O pecado não é somente
transgressão da lei. O pecado é algo mais profundo.
Para explicar isto, eu quero convidar-lhes a fazer uma lista
de pecados: matar, roubar, mentir, adulterar, cobiçar,
desonrar o pai e a mãe, enfim. Nós podemos fazer
uma lista enorme de pecados. E o que diriam vocês se eu
lhes dissesse que tudo isto, matar, roubar, mentir, adulterar,
tudo isto não é pecado? O que me diriam? Pensariam
que estou apresentando uma heresia? Então, não
o direi. Deixarei que S. Paulo o diga. Aqui na epístola
que São Paulo escreveu aos Gálatas no capítulo
5, versículo 19, vejam o que está escrito: "Ora,
as obras da carne são conhecidas..." (Gálatas
5:19)
Outras versões da Bíblia dizem: "Porque as
obras da carne são manifestas..." Estar no pecado
é estar na carne; estar na carne é estar no pecado.
E Paulo diz que: o fruto de estar no pecado, os resultados,
as consequência são as seguintes. Escutem o que
diz em Gálatas 5, versos 19 a 21:
"Ora, as obras da carne são conhecidas, e são:
prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissenções, facções,
invejas, bebedices, glutonarias..." (Gálatas 5:19
a 21)
Tudo isto, diz Paulo, é o fruto do pecado.
Amigos, entendam bem; o ser humano não é pecador
porque mata, não! O ser humano mata porque é pecador.
O problema do ser humano não é que matou, e porque
matou, se tornou um pecador. Não! O ser humano é
um pecador, e porque é um pecador acaba matando, roubando,
mentindo, adulterando...
Se o ser humano não fosse um pecador não faria
nada disso porque essas são as obras do pecado, os frutos,
o resultado do pecado. Mas nós, seres humanos, somos
muito superficiais em nossa maneira de encarar a vida. Estamos
somente preocupados em não matar, não roubar,
não adulterar, não mentir. Estamos somente preocupados
em corrigir os frutos, e não o verdadeiro problema do
pecado.
Vou fazer uma ilustração. Vamos dizer que eu tivesse
um pomar aqui e não quisesse que meu pomar produzisse
laranjas. Só que, bem no centro do meu pomar há
um pé de laranja. Que deveria fazer para que meu pomar
não produzisse laranjas?
Há dois caminhos: o primeiro é pegar um facão
e ficar montando guarda dia e noite embaixo do pé de
laranja. No momento que aparecer uma laranja, a corto, aparece
outra laranja, também a corto. Só que vou descobrir
que enquanto estou cortando esta laranja aparecem duas lá
em cima; aí subo para cortar essas e enquanto isso aparecem
aqui embaixo mais quatro laranjas. Corro para cortar estas e
cada vez aparecem mais e mais laranjas; e eu corto aqui, lá
e acolá e não acabam nunca; e um dia me canso
e digo: é impossível acabar com as laranjas.
Tem muita gente hoje que diz que é impossível
guardar os mandamentos de Deus; é impossível viver
sem matar, sem roubar, sem mentir, sem adulterar; é impossível.
Claro, estamos querendo que o pomar não produza laranjas
cortando laranjas? Mas há outra maneira mais inteligente
de acabar com as laranjas. Em lugar de estar cortando laranjas,
faço o quê? Arranco o pé de laranja. E aí
se acabam as laranjas.
Amigos queridos, o pecado é o pé de laranja, e
os atos pecaminosos, roubar, matar, mentir, tudo isso, são
as laranjas. Nós não podemos concentrar a nossa
atenção simplesmente em cortar laranjas, temos
que arrancar o pé de laranja. Temos que resolver o problema
do pecado; não somente as consequências do problema.
O verdadeiro cristianismo não é apenas casca.
O cristianismo não é superficialidade. O cristianismo
não é fachada. Jesus não veio para que
os homens tivessem uma fachada bonita de homens morais, corretos
e bons cidadãos. Jesus veio para transformar o coração,
para limpar a mente, para corrigir o pecado de dentro para fora,
não simplesmente para corrigir por fora, porque Jesus
sabia que transformando o coração e a mente, os
hábitos externos também seriam bons.
E agora vem a pergunta: Pastor, e se matar, roubar, mentir,
adulterar é fruto do pecado, diga-me então, o
que é pecado? É muito simples, se um homem é
justo é porque está em Jesus, que é a Pessoa
Justiça. Em que momento o ser humano se torna pecador?
Quando ele se afasta de Jesus, que é a Pessoa Justiça.
O ser humano somente é justo quando está ligado
a Jesus, quando está vivendo em comunhão com Ele,
vinte e quatro horas por dia com Jesus, em comunhão íntima
com Ele. No momento em que o ser humano se afasta de Jesus,
se torna um pecador.
Quem é pecador? Pecador é aquele que está
separado de Jesus. Porque pecado é separação
de Deus. Na cruz, Jesus carregava o pecado de toda humanidade
e Ele disse: "Por que me desamparaste?" "Por
que não consigo ver? Há uma parede divisória
entre mim e ti."
Pecado é isso: separação de Deus. E um
homem é pecador porque se afasta de Deus. Mas, existem
dois tipos de pecadores: os pecadores que com um pouco de força
de vontade não matam, não roubam, não mentem
e guardam os dez mandamentos ao pé da letra. Querem um
exemplo? O jovem rico. Ele é o típico exemplo
do pecador que guardava os dez mandamentos e tinha uma vida
moral correta.
Tem muita gente que pensa que porque guarda os mandamentos já
está salvo. Queridos, é possível guardar
mandamentos e estar completamente perdido. O jovem rico é
um exemplo disso.
O outro tipo de pecador é aquele que vive uma vida moralmente
errada e quebranta todos os mandamentos de Deus. Quer um exemplo?
A Maria Madalena. Mas se eu colocasse diante de você a
Maria Madalena e o jovem rico você pensaria que o jovem
rico estava salvo e que a Maria Madalena estava perdida. Só
que diante de Deus, ambos estavam perdidos porque ambos estavam
separados de Deus.
Amigo querido, quando Jesus veio a este mundo, não veio
somente para nos ensinar a guardar mandamentos, Ele veio para
nos reconciliar com o Pai, para trazer-nos de volta. E o propósito
da religião verdadeira e autêntica, é justamente
religar. Daí vem a palavra religião. Religião
não é vestir a camiseta de uma igreja, não!
Religião é voltar à Jesus. Religar-se com
Deus. Aprender a viver com Jesus vinte e quatro horas por dia.
E o dia que você aprender a viver com Ele verá
como sua vida vai ter outra dimensão completamente diferente,
e acabará fazendo a vontade de Deus.
Você pode estar perguntando, Pastor, como se pode viver
com Jesus vinte e quatro horas por dia? E a que horas a gente
come, trabalha ou dorme? Aí está o assunto: cristianismo
não é ir à igreja uma vez por semana, no
domingo, ou sábado, não! Cristianismo não
é simplesmente carregar a Bíblia, para que todo
mundo veja, não! Cristianismo não é estudar
minha Bíblia de vez em quando. Cristianismo não
é somento orar de manhã e orar à noite,
não! Isso tudo pode ser uma parte do cristianismo. Mas
cristianismo é companheirismo permanente com Jesus vinte
e quatro horas por dia.
Levantar com Jesus, escovar os dentes com Jesus, lavar o rosto
com Jesus, tomar café da manhã com Jesus, entrar
no ônibus com Jesus, ir ao trabalho com Ele, trabalhar
com Ele. Comprar, vender com Jesus, estudar com Jesus, namorar
com Jesus, entrar e sair da loja com Jesus, assinar o cheque
com Jesus, viver vinte e quatro horas por dia com Jesus, chegar
à noite, tomar banho, deitar e dormir nos braços
de Jesus. Isso é cristianismo.
Agora diga-me algo: Por que você de repente descobre um
cristão que vai à igreja, que estuda a Bíblia,
mas dá calote em todo mundo? Porque ele nunca entendeu
o que é vida cristã; ele pensa que é cristão
somente porque se batizou numa igreja.
Por que você encontra por aí um cristão
que estuda a Bíblia, mas vive brigando com todo mundo?
Por que você acha cristãos que são patrões
injustos com seus trabalhadores? Ou empregados negligentes para
seus patrões. Por quê? Porque não entendeu
o que é a vida cristã. Você acha que se
Jesus estivesse ao meu lado, seria desonesto em meus negócios?
Sabe do que está precisando este mundo? De que Jesus
entre e revolucione a vida; é de que eu entenda que cristianismo
é viver com ele vinte e quatro horas por dia.
Quero que saiba de algo importante: seu problema não
é o homossexualismo, nem a droga, nem o caráter.
Isso tudo é o fruto de seu problema. O seu problema é
que você está longe de Jesus.
Então venha a Jesus, assim como estiver, abra-lhe o coração
e entregue-lhe a vida.
ORAÇÃO
Querido Pai, na cruz foi revelado a faceta mais perversa do
pecado. Teu querido filho, que por amor a nós assumiu
nossas falhas e sentiu a separação que o pecado
provoca entre o Criador e a criatura. O resultado é triste,
é a solidão, a tristeza e a miséria que
consome nosso coração. Mas aqui estamos, suplicando-Te
que nos recebas de volta e que habites em nós. Aceita-nos
Senhor, em nome de Jesus, amém. |