A
ESPERA SILENCIOSA
PR.
ALEJANDRO BULLÓN
"Alguma
vez o assaltou a idéia de que por ter caído tantas
vezes na vida espiritual, Deus não queira mais saber
de você? Existe algo no mundo que seja capaz de separar
Deus de você? Tem você o direito de pensar que Deus
o abandonou e o esqueceu?
"Veio para o que era seu e os seus não o receberam.
Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne
e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória, glória como do unigênito
do Pai". (S. João 1:11 a 14)
O Verbo se fez carne. O Senhor Jesus Cristo se fez carne e habitou
em meio de nós.
Você alguma vez foi assaltado? Esta pergunta pode parecer
sem muito sentido. Mas eu já fui assaltado três
vezes.
O assalto é uma experiência interessante de se
contar e terrível de se viver. Depois de sermos assaltados,
algo terrível acontece na nossa mente. Começamos
a tremer quando pensamos que poderíamos estar mortos.
Começamos a acreditar que existem pessoas que por um
pouco de dinheiro são capazes de tirar a vida de outras
pessoas. Depois do primeiro assalto, eu vivi dias difíceis
porque tinha a impressão de que toda pessoa desconhecida
que se aproximava de mim, ia me assaltar. Eu desconfiava de
todos. Quando alguém vinha por uma calçada, eu
passava para a outra. No ponto de ônibus, eu ficava meio
distante e quando alguém se aproximava, eu olhava com
suspeita e ficava pronto para fugir se fosse o caso. Fiquei
traumatizado pois vivi um momento dramático em minha
vida. Colocaram uma faca em meu peito e o meu dinheiro e relógio
foram levados. A partir daquele momento comecei a desconfiar
das pessoas.
Amigo, isto talvez seja o mais trágico do pecado. O pecado
cria desconfiança entre os seres humanos; cria barreiras
intransponíveis; abre brechas entre marido e mulher;
cria limites entre pais e filhos. O pecado abre distância
entre os membros de uma mesma igreja; abre feridas que depois
não se fecham; causa traumas que o tempo não é
capaz de apagar. Porém, talvez o mais terrível
do pecado seja mesmo a dolorosa experiência de nos afastar,
de nos separar, de nos isolar do mundo.
Quando você era criança e fazia algo de errado,
a primeira coisa que vinha à sua mente era se esconder,
não era? Pois é. O pecado nos faz esconder, nos
faz partir para longe. Ele nos separa de Deus criando uma barreira
entre o Pai e nós.
Nós adultos, quando cometemos algo de errado contra uma
pessoa, temos medo de nos encontrar com ela e se por acaso a
encontramos, temos vergonha de olhar em seus olhos.
O pecado separa as pessoas, as famílias, os irmãos,
os amigos. Talvez você já tenha sido traído
por um amigo em quem confiava. Talvez já tenha sido traído
pelo seu cônjuge; pelo pai ou pelo filho; ou até
mesmo por um pastor ou ancião da sua igreja, e entende
perfeitamente o que falo. Isto é o que o pecado nos traz.
Porém, o pior de tudo é que o pecado nos separa
de Deus.
A minha pergunta é: O pecado separa Deus de nós?
Veja o que a Bíblia diz: "Porque eu estou bem certo
de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem
cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura,
nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus
nosso Senhor". (Romanos 8:38 e 39)
Amigo, quero que você entenda isto, porque quando Jesus
veio a este mundo, os líderes de Seu tempo não
conseguiram entender. Tenho a impressão de que hoje muitos
cristãos também não entendem este assunto.
O pecado nos separa de Deus, mas não separa Deus de nós.
Quando Jesus veio a este mundo, as pessoas não conseguiam
entender isto, e confundiam o pecado com o pecador. Quando um
homem cometia um pecado, ele era rejeitado e desprezado. Ninguém
mais se relacionava com esse homem.
Jesus veio para arrancar esse conceito da mente humana. Por
isso, quando Jesus estava nesta terra, enquanto os membros da
igreja daquele tempo se afastavam dos pecadores, Jesus os procurava,
se juntava e se assentava com eles. Quer dizer que Deus aprovava
a vida dos pecadores? Não, porém, sabia que para
salvá-los tinha de buscá-los e amá-los.
Enquanto isso, os líderes da igreja formavam um pequeno
grupo à parte e criticavam o Senhor Jesus por esta atitude.
Veja o que diz a Bíblia: "Aproximavam-se de Jesus
todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmuravam os
fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come
com eles". (Lucas 15:1 e 2)
Amigo, os membros da igreja de Deus naquela época não
aceitavam a idéia de que o pecado nos separa de Deus,
mas não separa Deus de nós.
Quando pecamos, escolhemos abandonar a Deus. Partimos para nosso
próprio mundo; andamos em nossos caminhos; fazemos coisas
que nos machucam por dentro e que machucam as pessoas queridas
que estão ao nosso redor. Mas o pecado não separa
Deus de nós. Ele vai atrás de nós, nos
suplica, nos espera, nos ama.
Entretanto, os líderes daquele tempo não conseguiram
entender isso, perseguiram o Senhor Jesus e finalmente O mataram.
Jesus ao andar nesta terra procurou os miseráveis pecadores,
as prostitutas, e seguramente procurou também os homossexuais
e toda a gente perdida daquele tempo. Gente como Maria Madalena
que tinha prometido sete vezes que mudaria de vida e não
tinha forças para mudar; leprosos, paralíticos,
cegos, gente que não tinha mais esperança, que
não sabia mais para aonde ir. Foram esses quem Jesus
procurou. Foi com eles que Jesus se sentou, comeu e viveu.
Na hora da morte, Jesus não escolheu dois homens de melhor
conduta para morrer entre eles. Ele foi crucificado entre dois
ladrões. Morreu do jeito que viveu. Viveu entre pecadores
e morreu entre pecadores. Ele tinha vindo a este mundo para
dar esperança aos homens sem esperança. Eles eram
o motivo de Sua vida.
Isto não quer dizer que Jesus consentia com as atitudes
erradas da prostituta ou aceitava a desonestidade de Zaqueu.
Não! Isto não quer dizer que Jesus aprovava os
caminhos errados desses homens. Jesus não consente com
o pecado, mas ama o pecador.
Aqui, há uma grande mensagem de esperança para
você e para mim: Não importa quem você é,
por onde andou, quando caiu nem de que maneira pode estar neste
momento; não importa quão amarrado você
possa estar a costumes, vícios e hábitos dos quais
não pode se libertar. Quero que saiba algo: Jesus o ama.
Ele nunca aprovou sua conduta, mas Ele nunca deixou de amá-lo.
Esta é a mensagem central da Bíblia.
É por isso que encontramos esta repetida figura nas Sagradas
Escrituras. Em Gênesis, quando Adão e Eva pecaram,
o pecado os separou de Deus. Eles procuraram folhas de figueira
e se esconderam atrás de uma árvore. Não
queriam mais saber de Deus. Queriam fugir. O pecado separa o
homem de Deus, mas não separa Deus do homem. E é
por isso que Deus, ao entardecer, desceu de Seu trono celeste,
pisou na terra e procurou o homem.
A mensagem central da Bíblia é que o ser humano,
por causa do pecado, vive longe de Deus, mas mesmo assim Deus
o ama. Por mais que o homem esteja vivendo na miséria,
Deus não perde as esperanças, continua acreditando,
esperando e suplicando.
Quando o povo de Israel saiu livre do Egito, Deus esteve na
montanha entregando as tábuas com os Dez Mandamentos
a Moisés. Enquanto acontecia um momento glorioso lá
em cima, embaixo o povo se entregava à idolatria. Tinha
feito um bezerro de ouro e estava adorando e dançando
em torno desse ídolo. Deus disse: Far-me-ão um
santuário e Eu habitarei no meio deles.
Ah, amigo! Esses homens por causa de seus pecados, não
estavam dando ouvidos a Deus. Eles não estavam querendo
saber de Deus de tão arrastados que estavam pela idolatria.
Hoje, talvez não estejamos adorando bezerros de ouro,
mas sim um tipo de cultura, de música, de literatura;
um tipo de amizade, ou um estilo de vida, não sei. Talvez
estejamos adorando a nossa própria capacidade humana.
Mas assim mesmo Deus quer habitar em nosso meio.
Como pode Deus querer estar no meio de um povo que não
quer saber nada dEle? Aí está o grande e maravilhoso
amor de Deus. Deus vai atrás do ser humano, corre, acredita,
espera, trabalha. O Espírito Santo te segue, te persegue;
te fala de uma maneira, de outra; às vezes dramática,
outras com suavidade; te fala com amor, te sacode, te fala através
de um terremoto ou de uma tragédia, mas te fala. Deus
não perde as esperanças e acredita que um dia
você acordará.
Nos versos 1 e 2 do capítulo 15 de Lucas, os fariseus
acusam a Jesus: "Por que se junta aos pecadores? Por que
vive e come com os pecadores?"
Jesus neste mundo, falou em parábolas. E nesse mesmo
capítulo encontramos três: A parábola da
moeda, da ovelha e do filho. Os três perdidos. Isto quer
dizer que Jesus se junta aos pecadores a fim de buscá-los.
A parábola do filho é conhecida como a parábola
do filho pródigo. Por que filho pródigo? Porque
foi muito pródigo em gastar seu dinheiro, sua vida, sua
saúde e sua juventude. Acho que a parábola não
devia se chamar a parábola do filho pródigo e
sim, a parábola do pai pródigo. Pródigo
em amar, em acreditar. Pródigo em ter paciência
e esperar.
A figura que se destaca em Lucas 15 não é o filho
que se perde, mas o pai que vai atrás desse filho. É
o pai que espera. É o pai que ama. É o pai que
suplica. O Espírito de profecia diz que foi o amor do
pai que finalmente venceu no coração do filho
e o trouxe de volta. Eu pergunto: Amou o pai a seu filho quando
ele se comportava bem, quando trabalhava na fazenda e cumpria
todos os seus deveres? O amou mais do que quando ele estava
em meio aos porcos, as prostitutas, gastando sua vida e seu
dinheiro? Em que momento Deus mais ama seu filho? Em que momento
o pai da parábola mais amou seu filho?
Quando o filho estava em casa e se portava bem, o pai o amava
muito e estava feliz. Quando o filho se afundou na miséria
do pecado, o pai continuou amando-o muito, mas estava triste.
Aí está a diferença. Quando nós
deixamos que Seu poder nos transforme e que Seu Espírito
nos guie em Seus caminhos, Deus nos ama muito e fica feliz.
Mas quando deixamos de prestar atenção à
direção do Espírito Santo e nos afundamos
na miséria da vida, Deus continua nos amando, só
que agora com lágrimas nos olhos. Essa é a diferença.
Muita gente não é capaz de entender esta mensagem
e pensa assim: "Pastor, o senhor está pregando uma
mensagem perigosa, porque se o senhor diz que o homem peca e
Deus continua amando, e que o amor dEle não tem limite,
então o senhor está incentivando o pecado, e o
homem pode pensar: "Por que vou deixar de pecar se Deus
me ama mesmo no pecado"?
Mas quem fizer esta pergunta é porque nunca compreendeu
o que é capaz de fazer o amor de Deus. Ele sabia perfeitamente
que se o amor não fosse capaz de transformar uma vida,
nada mais o seria. Jesus sabia por exemplo que se o amor dEle
não fosse capaz de transformar Maria Madalena, nada mais
a transformaria. Por isso a amou, acreditou e esperou. Embora
Maria caísse uma vez, caísse outra e mais outras
e ninguém mais acreditasse que um dia ela se levantaria,
Jesus, entretanto, continuou acreditando e o Seu maravilhoso
amor foi o maior argumento que pôde conscientizá-la
de seu estado pecaminoso. Quando ela compreendeu isto, se agarrou
num fio de esperança e foi banhada no sangue de Jesus.
Maria aprendeu a desconfiar de sua própria força
de vontade e a depender de Cristo se ajoelhando e dizendo: "Senhor
Jesus, sozinha, estou perdida. Posso prometer um milhão
de vezes, mas nunca conseguirei. Preciso que Tu operes um milagre
em minha vida. Preciso que Tu faças algo que eu não
posso fazer por mim mesma". E só assim foi transformada.
Ah, querido! Meu pai foi um homem muito duro, um homem que não
admitia erros. Ele não conhecia Jesus, mas era um homem
muito honesto. Não aceitava a Jesus, mas era um moralista
de primeira linha. Para ser um moralista não precisa
ser cristão. Ser cristão é viver preocupado
em deixar que Jesus viva em você. Ser moralista é
viver preocupado apenas em portar-se bem. Mas, graças
a Deus, no fim de sua vida, aceitou a Jesus e tornou-se um cristão.
E como eu já disse, ele não admitia erros, e eu,
quando garoto, cometia muitos erros.
Certo dia fiz algo errado. Meu pai já tinha me dado uma
advertência, mas eu continuava errando no mesmo ponto.
Um dia, do qual não me esquecerei, fui flagrado. Eu sabia
que quando meu pai chegasse, à tarde, teria que me acertar
com ele. Ele tinha me prometido que se eu cometesse aquele erro
mais uma vez me daria vinte chicotadas. Quando ele chegou, eu
já estava preparado. Então me disse: Venha ao
quarto. E fui. Eu devia ter nove anos, dez, talvez. Eu tinha
vestido quatro calças para assim diminuir a dor e meu
pai percebeu. Eu quero imaginar neste momento meu pai vendo
entrar o filho, com as pernas grossas por causa das quatro calças.
Eu, com nove anos pensava que meu pai não perceberia,
mas parece que percebeu. Eu era uma caricatura diante de meu
pai tentando resolver o meu problema vestindo quatro calças.
Ele podia ter rido de mim, mas não riu. Eu vi lágrimas
em seus olhos. O chicote estava em sua mão. Eu sabia
que merecia o castigo. Ele devia dar-me as vinte chicotadas
que tinha prometido. Eu já tinha me dito que não
choraria nem reclamaria. Estava pronto para receber meu castigo.
Meu pai não conhecia a palavra perdão, mas aquela
tarde aconteceu uma coisa estranha. Aquele homem duro se emocionou
e disse:
- Venha cá. Aproxime-se mais.
Cheguei perto dele. Ele tinha o chicote na mão. Fechei
os olhos esperando a primeira chicotada, mas o que eu senti
foi um abraço. Meu pai me abraçou. Havia lágrimas
em seus olhos e então me disse:
- Filho, eu não quero castigá-lo. Não pense
que eu sinto prazer em castigá-lo. Eu o amo filho, mas
tenho que fazer isso para o seu próprio bem; para que
você não sofra quando crescer. Você tem que
aprender a obedecer agora.
Mas ele me abraçou e continuou:
- Filho, desta vez eu não vou lhe bater, pode ir.
Se meu pai tivesse me dado as vinte chicotadas eu não
teria derramado uma lágrima. Mas aquela tarde, chorei.
Seu abraço doeu mais que vinte chicotadas. Seu amor doeu
mais que seu castigo. Se ele me castigasse talvez eu continuasse
fazendo aquilo que tinha feito sempre. Mas naquele mesmo dia
prometi para mim mesmo que nunca mais faria meu pai chorar.
Jesus conhece bem o poder que o amor tem, e é por isso
que quando erramos Ele não diz: "Vá embora,
você não presta. Você pisou nos Meus mandamentos
e traiu a Minha confiança. Não quero mais saber
de você. Você é um caso perdido. Esqueça
que Eu existo. Não volte para mim quando estiver precisando".
Ah, amigo, Deus não faz isto. O pecado nos afasta de
Deus, mas ele não é capaz de afastar Deus de nós.
Deus nos procura, Ele vai atrás de nós, nos espera,
acredita. Ele nos ama. É por isso que você não
tem o direito de permanecer triste. Você não tem
o direito de estar pensando que não tem mais jeito. Deus
o ama e nunca deixou de amá-lo. Ele morreu para salvá-lo.
Deu Seu Espírito Santo com a plenitude de Seu poder para
fazê-lo vitorioso, para tirá-lo da mediocridade,
e dar-lhe a vitória.
Não quer você aceitar Jesus ? Não quer abrir
o seu coração e lhe dizer: "Obrigado Senhor
porque nunca deixaste de me amar. Obrigado também pelo
poder que vem da cruz para transformar a minha vida".
ORAÇÃO
Querido Pai, ouve o clamor silencioso das pessoas que precisam
de Ti. Obrigado porque Tu acreditas no ser humano. Obrigado
também porque quando Tu perdoas, Tu esqueces e transformas.
Coloque neste momento a Tua mão poderosa sobre cada vida.
Em nome de Jesus. Amém. |