UM
TRAVESSEIRO DE PENAS
Pr.
Fernando Iglesias
"Quem
é você? Não estou perguntando o seu nome.
Nem o seu endereço, nem a sua idade. Estou perguntando
quem é você? O seu verdadeiro eu, o seu íntimo.
E esteja certo, que ao você descobrir quem você
realmente é, você vai ver também, que outras
pessoas estão envolvidas em tudo o que você é.
Tanto em coisas boas, quanto em coisas ruins também.
Pessoas influenciaram a sua vida. Os atos bons que praticamos
influenciaram outras pessoas. Os atos ruins também. E
a pergunta que faço a mim mesmo é: Será
que o que eu digo e faço realmente influenciam a vida
de outra pessoa? Será que outros influenciaram a mim?
Quando eu era pequeno meu pai me contou esta história:
Certo homem andou espalhando fofocas a respeito de uma boa família
da cidade, simplesmente porque a filha deles rompeu um antigo
namoro por não gostar mais dele.
As fofocas se espalharam de tal maneira que em pouco tempo não
só todas as pessoas da cidade estavam sabendo da má
fama da moça, como também as moças do lugar
foram proibidas de conversar com ela.
Dois anos se passaram, o rapaz se apaixonou por outra moça
e se casou. Porém sua antiga namorada ainda levava a
injusta má fama que ele havia espalhado. Ao ver a vida
triste e sem amigos que ela levava, e que nunca mais tinha namorado
outra pessoa, por ter ficado mal afamada, sua consciência
pesou-lhe e não podia nem dormir direito. Estava profundamente
arrependido do que havia feito e por isso decidiu confessar-se
com o padre da aldeia.
Após confessar-se pediu ao padre que lhe desse uma idéia
de como desfazer o mal que havia causado. O padre mandou que
buscasse em casa um travesseiro de penas e voltasse para a igreja
imediatamente. Curioso, o rapaz obedeceu.
Ao voltar, o padre mandou que ele subisse até a torre
mais alta da igreja, rasgasse o travesseiro e contasse cada
uma das penas. Ele cumpriu todos os detalhes com muita dificuldade,
pois era um dia de muito vento.
Estava ainda no alto da torre quando gritou para o padre que
havia acabado a façanha de contar todas as penas em meio
àquela ventania, então ouviu o padre que lá
de baixo gritava para ele: "Pois bem, então agora
abra o travesseiro novamente e espalhe ao vento todas as penas,
sem deixar nenhuma no travesseiro!".
Sem entender muito bem o que o padre queria ensinar-lhe, e pensando
que talvez fosse um tipo de "penitência estranha"
obedeceu mais uma vez ao padre. Voltou cansado e apresentou-se
ao com um tremendo ar de dever cumprido.
Surpreso, ouviu o padre dizer: Pois agora e que vai começar
sua penitência! Saia pela cidade e coloque de volta no
travesseiro todas as penas que você jogou, sem deixar
nenhuma para fora. Só quando tiver conseguido fazer isto
é que a má influência do que você
fez terá passado.
Realmente nossas más ações e comentários
causam males terríveis! Uma pergunta para você
meditar profundamente: Você acha que este homem merecia
mesmo um castigo?
Mas, será que só as más ações
é que repercutem tanto assim?
Será que nossas pequenas boas ações também
repercutem também esse tanto?
Será que se este homem fizesse uma boa ação,
a repercussão seria tão grande e duradoura?
Hoje quero pensar com você no outro lado da influência
das nossas ações e das nossas palavras.
As boas ações que fazemos e a repercussão
que elas alcançam.
Um verso conhecido da Bíblia nos dá uma boa ajuda
para termos uma visão exata da realidade. Estou falando
de Mateus 5:13.
"Vós sois o sal da Terra, e se o sal vier a ser
insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais
presta senão para ser lançado fora e ser pisado
pelos homens".
Vamos raciocinar juntos por um momento:
Apenas suponhamos que nossos bons atos repercutem tanto quanto
nossas más ações.
Isto quer dizer que se eu tiver a oportunidade de fazer o bem
a alguém e não fizer, então estarei cometendo
um enorme erro! Uma falta grave!
Concorda comigo?
Vou dar um exemplo:
Nos Estados Unidos, há 15 anos atrás Donald Baylie
estava sentado em sua cadeira curtindo uma piscina, quando um
garotinho de 3 anos, correndo distraidamente caiu dentro da
água e começou a se afogar.
Donald sabia nadar, mas não moveu nenhum músculo
sequer para salvar o pequeno. Apenas continuou deitado, fingindo
que estava dormindo enquanto o menino morria afogado.
Foi julgado e condenado. Como pode ser condenado se ele não
matou o menino? Na verdade ele não foi condenado por
ter feito algo errado, ele simplesmente foi condenado porque
deixou de fazer o que era certo, o que deveria ter feito. Deixou
de salvar o menino
Em II Reis 5 nós podemos ler uma história fascinante
de alguém que fez o bem simplesmente por amor ao próximo.
2 Reis 5:1-5
1 Naamã, comandante do exército do rei da Síria,
era grande homem diante do seu senhor e de muito conceito, porque
por ele o SENHOR dera vitória à Síria;
era ele herói da guerra, porém leproso. 2 Saíram
tropas da Síria, e da terra de Israel levaram cativa
uma menina, que ficou ao serviço da mulher de Naamã.
3 Disse ela a sua senhora: Tomara o meu senhor estivesse diante
do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da
sua lepra. 4 Então, foi Naamã e disse ao seu senhor:
Assim e assim falou a jovem que é da terra de Israel.
5 Respondeu o rei da Síria: Vai, anda, e enviarei uma
carta ao rei de Israel. Ele partiu e levou consigo dez talentos
de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes festivais. 2
Reis 5:1-5.
A história continua nos contando que Naamã depois
de ir falar com o profeta Eliseu, foi até o rio Jordão
e obedeceu a ordem do profeta mergulhando-se sete vezes no rio.
Depois de mergulhar seis vezes sem nenhuma mudança, mergulhou
mais uma vez e saiu do sétimo mergulho sem nenhuma mancha
da lepra.
Você prestou bastante atenção no texto?
Percebeu que a menina que levou Naamã até Eliseu
era uma cativa de guerra?
Que bons motivos ela tinha para indicar ao seu Senhor o caminho
da cura?
Apenas o amor pelo próximo, pelo nosso semelhante, que
nada mais é do que o fruto do Amor de Deus, em nós
pode fazer isto, nos levar a amar ao próprio inimigo,
porque não é natural o ser humano agir assim.
Há aproximadamente 50 anos atrás, em São
José do Rio Preto vivia Adelaide. Adelaide era uma jovem
senhora de aproximadamente 36 anos.
Era bem pobre e tinha 5 filhos para criar. Seu marido, Sebastião
não ganhava o suficiente para sustentar a família,
por isso o filho mais velho Miguel, que tinha 14 anos também
trabalhava fora para ajudar o pai nas despesas da casa. Trabalhava
no pesado e saía de casa de madrugada todos os dias levando
a marmita. Adelaide era muito cuidadosa com os filhos e com
Miguel também. Numa madrugada, depois de uma noite de
temporal, Miguel saiu para o trabalho como sempre. Enquanto
andava na calçada distraidamente, não percebeu
que a tempestade havia derrubado um cabo de alta tensão,
que ainda estava ligado ali no chão.
Sem querer, pisou no cabo e caiu morto eletrocutado, instantaneamente!
Adelaide, quando soube disso sofreu um choque emocional tão
forte, que desmaiou. Quando acordou não se lembrava de
ninguém. Também não podia falar, nem se
mexer, nem tinha qualquer tipo de expressão.
Tudo o que ela comia, vomitava. E por isso começou a
morrer lentamente.
Numa quarta-feira à noite no culto de oração
na igreja, uma vizinha da Adelaide, que pertencia à Igreja
Adventista, decidiu pedir para que a igreja orasse pela Adelaide.
Ali estava a Ana, uma jovem com a mesma idade da Adelaide.
Ana era muito fiel a Deus e não se contentava só
em orar. Por isso, além de orar ela anotou o endereço
da Adelaide e no dia seguinte foi fazer uma visita.
Eu vou pedir para a própria Ana contar o que aconteceu.
Eu fui à casa da Ana, atualmente ela está morando
no interior de São Paulo, na cidade de Piracicaba em
um sítio chamado "Vivenda Linda" numa estradinha
de terra que vai para Inhumas, e veja só o que ela me
contou:
Fernando: Como é seu nome completo?
Ana: -O meu nome é Ana da Silva Prestes
Fernando: Mas a Ana é conhecida por Ana Prestes. Onde
você nasceu Ana?
Ana: -Eu nasci em Orlândia, uma cidadezinha perto São
José do Rio Preto-SP.
Fernando: Ana, eu sei que não se deve perguntar a idade
de uma dama, mas você se importaria em dizer em que ano
você nasceu?
Ana -Eu nasci em 15 de Dezembro de 1914.
Fernando: E você ficou morando em Orlândia?
Ana: -Eu me casei em São José do Rio Preto (SP),
meus filhos nasceram todos lá.
Fernando: E Ana naquele tempo aconteceu alguma coisa que marcou
muito a sua vida, não é verdade?
Ana: - É...Muito mesmo!
Fernando: Ana, em que condições você encontrou
a Adelaide quando você entrou na casa dela pela primeira
vez?
Ana - Quando eu cheguei lá, eu me ajoelhei perto da cama
do lado dela e disse: Minha amiga confia em Deus, Deus é
poderoso, Ele te ama e um dia Ele vai entregar o seu filho falecido
em seus braços.
Fernando: E aí Ana o que você fez?
Ana: -E aí ela me ouviu e já foi melhorando, parou
de gritar, eu fui conversando com ela, falando de Deus, conversei
bastante com ela e ela dormiu, e eu aproveitei e fui até
a minha casa, eu morava a uns três quarteirões
da casa dela, eu fui dar "de mamar" pro meu nenê.
Fernando: Então você tinha um nenê recém
nascido?
Ana: -Sim, eu ainda estava de dieta.
Fernando: Ana e como era que a Adelaide se alimentava?
Ana: -Ela não queria se alimentar, ela queria morrer.
Fernando: Ela tinha tido um choque emocional muito forte?
Ana: -Eu tirava meu próprio leite em um copo e ia com
uma colher dando pra ela, era muito difícil, porque ela
cerrava os dentes, ela queria morrer, ela não queria
tomar, aí eu ia devagarzinho colocando o leite entra
os dentes dela.
Fernando: E assim ela então foi melhorando?
Ana: Durante uma semana foi "amamentada" com o meu
leite, eu dava leite e ia falando de Jesus pra ela, sempre dizendo
que Jesus iria entregar o filho "dela" nos braços
dela, e aí na sexta-feira eu disse pra ela: Adelaide
amanhã eu vou a igreja e eu venho aqui pra te levar na
igreja comigo.
Fernando: E ela concordou?
Ana: Concordou, e ela foi á igreja, chegando lá
deram muita atenção pra ela, ela se sentiu bem.
E aí ela começou a ir sempre comigo a igreja.
E depois ela quis se batizar.
Fernando: Quanto tempo mais ou menos demorou pra Adelaide se
batizar?
Ana: O tempo certo eu não me lembro, mas eu falei com
o pastor da igreja e ele começou a dar estudos bíblicos
pra ela, toda a família dela, até as tias viram
que ela sarou, e todo mundo quis estudar a bíblia.
Fernando: Ana você falava muito pra Adelaide da volta
de Jesus, e tem um hino que eu já ouvi você cantando,
que fala da Volta de Jesus, você acha que dá pra
cantar um pedacinho? É o hino Manhã do Juízo.
Ana:
Sonhei que
a manhã do juízo
Rompeu ao
tocar o clarim
Sonhei que
as nações junto ao trono
Reunidas
estavam enfim
Um anjo glorioso descendo
Se pôs
entre a terra e o mar
As mãos
para o céu apontando
Jurou não
haver mais tardar.
Fernando:
Ana você gostaria de fazer um convite, um apelo para estas
pessoas aceitarem a Jesus?
Ana: Nós precisamos mesmo de estar sempre atento, procurando
seguir a Jesus, porque o que seria de nós se não
fosse Jesus? Em tudo nós dependemos dEle, tudo é
dEle. E agora como não ficar ao lado dEle, como não
estudar a palavra dEle e como viveremos sem Ele.
Fernando: Ana você entregou a sua vida todinha a Ele,
e valeu a pena?
Ana: Seguir a Cristo? Valeu muito! Valeu mesmo.
Esta história me deixa muito emocionando. Ver esta velhinha
sensacional também me deixa muito emocionado. Porque
Adelaide era minha avó. Na verdade foi assim que essa
pessoa maravilhosa tirou minha avó Adelaide dum poço
sem fundo. De um mundo de desespero e de falta de esperança,
para levá- la para um mundo de paz, amor e esperança!
Agora é hora de ver o alcance desta boa ação,
deste testemunho maravilhoso que a Ana deu para minha avó
Adelaide. Imagine só a extensão disto, quando
os filhos de minha avó tiveram filhos, que também
tiveram filhos e assim por diante! E hoje eu que também
recebi a mensagem da Bíblia e agora estou passando, transmitindo,
a todos vocês.
ORAÇÃO
Querido
Deus, tantas vezes Senhor pessoas aparecem a nossa frente, pedindo
um pedaço de pão espiritual e mesmo material também.
Tantas vezes Senhor, pessoas dilaceradas, cortadas, machucadas
pelos problemas da vida passam pela nossa frente. Senhor nós
sabemos que o Senhor precisa usar as nossas mãos, nossos
pés, nossos braços, mas às vezes não
temos forças. Dá-nos Senhor a tua força,
o teu poder Senhor e toma-nos nas suas mãos. |